Ovnis, o relatório do século |
Por Pablo Villarrubia | |
O relatório “Os Ovnis e a defesa”,divulgado publicamente no último 16 de Julho, na França, pôs o mundo ufológico em estado de alerta. O polêmico documento elaborado pelo grupo Cometa -composto por militares de cientistas de alto nível- aposta na hipótese extraterrestre sobre a origem dos Ovnis e pede que se intensifiquem as investigações. Também critica a política de desinformação de alguns governos, especialmente a dos Estados Unidos. O mais importante relatório científico do final do século XX que diz respeito aos Ovnis, do grupo Cometa, está gerando uma intensa polêmica mundial que oscila entre o júbilo, o repúdio, a surpresa e a perplexidade. Pela primeira vez, uma instituição relacionada com o Governo -neste caso, francês- admite que os Ovnis podem ser uma manifestação material, inteligente e de origem extraterrestre. O documento foi entregue no passado dia 13 de Julho, ao presidente da República Francesa, Jacques Chirac e ao primeiro-ministro, Lionel Jospin. Curiosamente, o relatório foi publicado integralmente três dias depois (em 16 de Julho) em uma edição especial de 90 páginas da revista VSD (do grupo GS Presse-Communication), com o título “Os ovnis e a defesa: para quê devemos nos preparar?”. O “rapport” (relatório) do grupo Cometa foi redigido por uma associação privada – não-oficial, como muitos acreditaram - composta por antigos auditores militares do Instituto de Altos Estudos da Defesa Nacional (IHEDN) e cientistas, alguns deles procedentes do CNES (Centro Nacional de Estudos Espaciais), da “NASA” francesa. Muitos dos dados procedem dos arquivos da Gendarmaria Nacional, da Marinha e do SEPRA (organismo do CNES que se encarrega dos relatórios Ovni). Segundo informações obtidas à última hora através do ufólogo Thierry Garnier do grupo France OVNI, o documento era de origem confidencial e devia ser lido exclusivamente por Chirac e Jospin. Cometa está precedido pelo general Denys Letty, da Aeronáutica, e conta, entre seus mais ilustres colaboradores, com o físico Jean-Jacques Velasco, diretor do SEPRA (antigo GEPAN), entidade que pesquisa oficialmente o fenômeno Ovni. Segundo o ufólogo francês Gildas Bourdais, a ideia de criar o relatório surgiu em 1995, depois de uma conversa entre o general Letty e o general Bernard Norlain, então diretor do IHEDN. Este, junto com André Lebeau, ex-presidente do Centro Nacional de Estudos Espaciais, apoiou a iniciativa de Letty. O texto “Os Ovnis e a defesa” está dividido em três partes. A primeira, dedicada aos casos; a segunda, à organização da investigação; e a terceira, sobre as medidas a serem levadas em conta por parte da Defesa. Um dos tantos pontos interessantes do relatório é a menção da possível influência de Ovnis e de extraterrestres sobre as civilizações do passado. GOLPE CONTRA OS CÉTICOSO documento é um duro golpe para os céticos, pois afirma com certeza a origem extraterrestre dos Ovnis e sua realidade física, controlados por seres inteligentes que não pertencem ao nosso planeta. Nos casos do avião RB-47 (EUA, 17 de Julho de 1957) e de Teerã (18 a 19 de Setembro de 1976), os redatores do Cometa consideram a interpretação realizada pelo cético estadunidense Philip Klass como “banal” e refutada por outros peritos em 1997. E mais, Cometa arremete sem compaixão contra o Governo dos Estados Unidos, o acusando de ocultar informação sobre os Ovnis e de manipular os dados a seu favor. Como se tudo isso não bastasse, o relatório deu seu visto de aprovação a dois casos clássicos de aparições de humanóides, algo igualmente inaudito tendo em conta que se trata do ditame de importantes cientistas e militares de alto escalão. Há quem ache que se trata de uma manobra de desinformação apoiada pelo governo francês para avaliar a reação dos cidadãos sobre a possível origem extraterrestre dos Ovnis; outros, como alguns membros do grupo francês UFOCOM, aludem à possibilidade de que o relatório esteja dirigido também aos Estados Unidos como um desafio para estudar oficialmente os Ovnis. O sociólogo francês Pierre Lagrange arremeteu contra o relatório Cometa em uma carta enviada em 21 de Julho passado ao prestigioso diário Liberation (cuja linha editorial é hostil aos Ovnis). Lagrange, aludido no relatório como “vítima da desinformação” em referência ao caso Roswell, é um dos pais das modernas teorias psicossociais para explicar os Ovnis. Lagrange nos enviou o artigo e acusou a revista VSD de alimentar a desinformação sobre os Ovnis e ridicularizar o tema. Também, vários grupos privados de investigação Ovni da França criticaram as conclusões do Cometa, mas por outros motivos: por incluir somente os casos pesquisados de forma oficial, desconsiderando os trabalhos de grupos civis privados. No entanto, o prestigioso ufólogo costarriquenho Ricardo Vílchez comentou-me que o relatório Cometa é “junto com o relatório Sturrok, o mais importante do século XX no âmbito acadêmico referente aos Ovnis”. A foto de capa da revista VSD, incluída no dossiê, é a de um objeto de forma discoidal sobrevoando a lagoa de Cote, na Costa Rica, em 4 de Setembro de 1971. Descoberta por Vílchez no Instituto Geográfico de seu país, e estudada por Jacques Vallée, é uma das escassas fotos deste tipo analisada por cientistas e considerada como autêntica. Segundo Vílchez, Philip Klass tentou desprestigiar seu caso, acusando-o de pertencer ao instituto cartográfico da Costa Rica e de adulterar a foto. FRANÇA PIONEIRAEncontramos a origem do relatório Cometa no ano de 1976, quando um comitê do IHEDN, presidido pelo general Blanchard, da Gendarmaria Nacional, abriu o dossiê de Ovnis com o objetivo de coletar dados e classificá-los para seu estudo. No ano seguinte, 1977, surgiu no seio do CNES o Grupo de Estudos de Fenômenos Aeroespaciais Não-Identificados (GEPAN), que se transformou no Serviço de Perícia de Fenômenos de Reentrada Atmosférica (SEPRA). O GEPRAN-SEPRA conta com o apoio da Gendarmaria Nacional, da aviação civil e militar, do serviço meteorológico, etc., através de protocolos assinados entre ditas entidades. Algumas das hipóteses apresentadas pelo relatório Cometa incluem um provável sistema de propulsão avançado para os Ovnis, que se estaria desenvolvendo em vários países como EUA e Japão. Trata-se do princípio de Magneto-Hidro-Dinâmica (MHD) que permite a um objeto deslocar-se pela atmosfera gerando um campo magnético. O físico e ufólogo francês Jean-Pierre Petit (defensor das teorias Ummitas) dedicou-se a estudar esta forma de propulsão. Segundo os peritos, o MHD poderia explicar a ausência do “Bang” quando os Ovnis atingem velocidades supersônicas.Qual é o objetivo final do relatório? Fica muito claro na página 58 que os membros de Cometa pretendem que a França reafirme sua presença na investigação Ovni, reforçando os meios materiais e humanos do SEPRA para recolher informações tanto na Europa como no resto do mundo. Quiçá o relatório seja um protesto contra a atual situação do SEPRA, dirigido por Jean-Jacques Velasco. AMEAÇA DO ESPAÇOOutro aspecto surpreendente do relatório leva em conta a possibilidade dos Ovnis implicarem em uma ameaça para a comunidade mundial. Ainda que não se tenham detectado situações de agressão na França, em outros países houve casos de pessoas mortas depois de serem atacadas por algum engenho espacial. No parágrafo “Para quais situações devemos preparar-nos?” propõem-se a elaboração de estratégias diante das seguintes situações: “Aparição de Ovnis e vontade extraterrestre de estabelecer um contato oficial e pacífico; descoberta fortuita ou não de uma microbase ou de uma base sobre um ponto qualquer do território europeu (atitude a adotar frente a uma potência amiga ou não); invasão (pouco provável tendo em conta o fato de que poderia ter sido conduzida antes da descoberta do átomo) e ataques localizados ou em massa sobre pontos estratégicos ou não; manipulação ou desinformação deliberada com intuito de desestabilizar outros Estados”. ROSWELL, A DESINFORMAÇÃOA crítica mais intensa do relatório encontrou-se sobre a manipulação do caso Roswell pelo Governo norte-americano. Segundo o relatório, o segredo que rodeia este caso teria sido mantido pelas autoridades para conservar a superioridade tecnológica militar sobre outros países. A partir de decretos militares busca-se impedir a divulgação ao público de informações relativas aos Ovnis e castigar com pena de dez anos de cárcere e 10.000 dólares de multa aos militares que divulgarem informações não autorizadas. Cometa considera que os supostos contatos de George Adamski formariam parte de uma estratégia de desinformação para criar de propósito uma opinião crédula para os extraterrestres. E conclui: “a desinformação tem permitido provavelmente proteger as investigações sobre uma arma de microondas em Kirtland, e sobre novos tipos de aeronaves em Groon Lake”. OvnisTexto por: PABLO VILLARRUBIA |
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